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Tatiane Floresti

 

Desenvolvimento humano: talvez seja essa a linha de chegada que a Tati sempre avista em tudo o que faz – e olha que ela já fez bastante coisa.

O trabalho como atriz foi um dos primeiros, e funcionou como a chance de ver o mundo pela lente e trajetória do outro, ganhar novas perspectivas e narrativas a cada personagem, pensar e criar de um jeito complementar, multidisciplinar e colaborativo – o tipo de experiência que tinha muito a ver com o palco, mas ia bem além dele: permitiu seu contato com novos públicos e escutas. Exercitou sua responsabilidade de fala. 

Sentir na pele a história do outro fez a Tati querer aprofundar também na própria vida, na sua composição íntima. A yoga e meditação foram fundamentais pra isso. Com elas, Tati entendeu a importância de somar dimensões de vivência: o que pensamos, o que sentimos e, a partir disso, como agimos no mundo. Com elas, Tati percebeu que desenvolver-se é um exercício integral e complexo. E que suas questões e buscas não são só suas.

Mas nem tudo é conhecimento e experiência adquirida. Muito do que a Tati é pode ser explicado também dando uma olhada na sua árvore genealógica: português, indígena, italiano, negro, baiano, mineiro, agricultor, costureira – essa é a mistura do seu álbum de família. Juntos, são as raízes de alguém que leva o sobrenome quase como mantra: Floresti Pontes (é ou não é perfeito para quem vive semeando ideias e conectando gente com elas?).

Semear e conectar é um mantra que a Tati sempre converteu em prática: a curiosidade despertada com a yoga e meditação levaram a Tati a estudar muito nos últimos anos. Ela fez a alfabetização ecológica de Fritjof Capra, desenvolvimento integral na Metaintegral Brasil, Teoria U com Otto Scharmer e muitos workshops e retiros dentro e fora do Brasil. Tati quis acessar o conhecimento de quem já fez perguntas antes dela. Gente que testou, se investigou, questionou e experimentou metodologias para desenvolver aquilo que entendemos como Ciência Contemplativa, unindo saberes das expreriências com estudos da ciência. E foi justo essa vontade de aliar conhecimentos que conduziu a Tati até o CEB (Cultivating Emocional Balance), formação de maior inspiração e influência nas práticas e conteúdos oferecidos pela Nau.

Em paralelo aos estudos, Tati capitaneou projetos que germinaram novas realidades na mesma medida em que ampliaram seu diálogo com o mundo: enquanto se aprofundava em filosofias e vivências sobre equilíbrio emocional, Tati cocriou a Toca Orgânicos e o Instituto Toca, onde pôde exercitar a educação como uma arte comprometida com o desenvolvimento humano. Os projetos da Toca não miravam “só” a sustentabilidade (e isso já seria muito!), mas aquilo que intimamente era chamado de “melhorabilidade”, ou como aumentar de verdade a qualidade de vida individual e coletiva. E foi com muita observação e acolhimento da comunidade, muita pesquisa e integração de metodologias e, sobretudo, sensibilidade para juntar tudo isso que as iniciativas da Toca foram reconhecidas no Brasil e no mundo pelo caráter inclusivo e inovador, pois trataram a educação como via de sustentabilidade e vice-versa.

Tudo isso faz parte da bagagem que Tati leva a bordo dessa nossa Nau. Experiências de vida que lhe deram um coração compassivo e que permitiram o contato com espaços, conversas e verdades diferentes da sua. Histórias que estabeleceram um tipo de interesse que não se esgota com as respostas, na verdade se reabastece com elas: depois do tanto já percorrido, Tati sabe que seu destino é seguir investigando, praticando, escutando e conectando. Porque, afinal, nossa Nau existe porque há sempre mais para ser aprendido, corporificado, compartilhado.